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Leia maisA finalidade principal do aconselhamento em saúde é a redução de riscos para a saúde, obtida através de mudanças concretas do comportamento do sujeito.
Segundo Trindade e Teixeira (2000) o aconselhamento psicológico em saúde é uma intervenção que consiste em ajudar o sujeito a manter ou a melhorar a sua saúde, nomeadamente na adoção dum estilo de vida saudável e comportamentos de saúde (ao nível da alimentação, exercício físico, uso de substâncias, gestão do stress, etc.) e na adaptação psicológica a alterações do estado de saúde (confronto com a doença e a incapacidade), em tudo o que isto possa envolver de mudança pessoal, ajustamento a uma nova situação, interação com técnicos de saúde, adesão a tratamentos e medidas de reabilitação.
O aconselhamento psicológico em saúde pode desenvolver-se em diferentes locais: no sistema de saúde (Centros de Saúde, hospitais, maternidades), em empresas (serviços de saúde ocupacional), serviços e centros de reabilitação e em organizações comunitárias.
Trindade e Teixeira (2000) dizem que a grande finalidade é ajudar o sujeito a mudar comportamentos relacionados com a saúde e/ou a lidar com as ameaças à sua saúde, o que quer dizer que a utilidade do aconselhamento está associado a duas grandes áreas da intervenção do psicólogo na saúde: a área da prevenção e a área da adaptação à doença. Os objetivos principais do aconselhamento psicológico em saúde são:
Disponibilizar ajuda para dar resposta às necessidades psicológicas dos sujeitos saudáveis e doentes
Facilitar a mudança de comportamentos relacionados com a saúde
Escutar e acolher as preocupações e o sofrimento, e promover o bem- estar psicológico;
Identificar as preocupações fundamentais que o sujeito tem em relação à saúde e ajudá-lo a lidar eficazmente com elas
Detectar dificuldades comunicacionais e/ou relacionais com a família ou com os técnicos de saúde e ajudar o sujeito a desenvolver estratégias que permitam superar essas dificuldades
Ajudar a tomar decisões informadas, no quadro das circunstâncias concretas de saúde/doença em que se encontra;
Transmitir informação personalizada; – Promover o desenvolvimento de competências Sociais;
Aumentar o autoconhecimento e a autonomia, contribuindo para o desenvolvimento pessoal;
Orientar para outros apoios especializados.
A relação clínica no aconselhamento envolve três componentes diferentes, cujo peso específico pode variar em cada intervenção ou em cada entrevista em função das necessidades específicas do sujeito: (1) de ajuda, para lidar com as dificuldades, identificar as soluções, tomar decisões e mudar comportamentos; (2) pedagógica, relacionada com a transmissão de informação e (3) de apoio, relacionado com a transmissão de segurança emocional, facilitação do controle interno e promoção da autonomia pessoal.
O aconselhamento pode ser definido como um processo de (…) escuta ativa, individualizado e centrado no cliente. Pressupõe a capacidade de estabelecer uma relação de confiança entre os interlocutores, visando o resgate dos recursos internos da pessoa atendida para que ela mesma tenha possibilidade de reconhecer- se como sujeito de sua própria saúde e transformação (MS, 1997, p.11).
O Ministério da Saúde pressupõe como práticas do aconselhamento: exercício de acolhimento; escuta ativa; comunicação competente; avaliação de riscos e reflexão conjunta sobre alternativas para novos hábitos de prevenção; orientação sobre os aspectos clínicos e do tratamento (com vistas à adesão e melhoria da qualidade de vida).
A atitude de escuta pressupõe a capacidade do profissional em proporcionar um espaço onde o usuário possa expressar aquilo que sabe, pensa e sente em relação a sua situação de saúde, responder às reais expectativas, dúvidas e necessidades deste e prestar-lhe apoio emocional.
A comunicação competente diz respeito a informações apropriadas às necessidades do usuário e adequadas do ponto de vista técnico científico e com clareza da linguagem empregada.
No processo de aconselhamento deve ser buscada a adequação da linguagem, na busca de favorecer a compreensão do conteúdo a ser comunicado, pode-se lançar mão de analogias, metáforas, gírias, expressões populares e sinônimos para que os termos e conhecimentos científicos não sejam obstáculos à compreensão da informação.
Há ainda que se ressaltar que o processo comunicacional não é uma linha contínua, de mão única, restrita à relação entre emissor – mensagem – receptor, mas um processo complexo (Araújo & Jordão, 1995). O receptor é sujeito ativo de reconstrução interpretativa do conteúdo informacional.
Problemas de recepção não se limitam à falta de clareza da linguagem, podem estar relacionadas à não-partilha dos significados culturais vinculados às vivências do receptor. O processo de comunicação não se baseia numa relação estanque entre emissor e receptor, mas numa troca (que pode ser conflitiva) entre ambos, em que emissor se torna receptor e vice-versa. O conteúdo a ser comunicado precisa ser competente, do ponto de vista de uma compreensão mediada pelos valores e vivências do grupo a que se destina.
Trindade e Teixeira (2000) apontam três motivos principais para o aconselhamento psicológico em saúde: existem relações significativas entre o comportamento, a saúde e a doença; a mudança de comportamentos relacionados com a saúde é difícil e complexa, não sendo em geral obtida por intervenções orientadas pelo modelo biomédico; é importante dar resposta às necessidades psicológicas dos usuários dos serviços de saúde.
A saúde e a doença dependem significativamente dos comportamentos individuais. As pesquisas em psicologia da saúde demonstram que a relação do sujeito com a sua saúde é complexa e mediada por variáveis muito diversas, entre as quais se referem vários atributos psicológicos, estilos de confronto com o stress, crenças de saúde, estados emocionais, crenças e atitudes etc.
A informação e a educação para a saúde são necessárias para que os sujeitos estejam informados e tenham conhecimento de quais os riscos para a saúde que decorrem deste ou daquele comportamento, mas é importante lembrar que outros fatores psicológicos podem influenciar decisivamente o seu comportamento. De tal maneira que um sujeito bem informado sobre o que pode fazer bem ou mal à saúde se envolve, apesar disto, em comportamentos de risco para a saúde. Existem variáveis individuais, relacionais e sociais que determinam comportamentos relacionados com a saúde e que são relativamente independentes do grau de informação/conhecimento que o sujeito tem sobre saúde, doença, comportamentos saudáveis e comportamentos de risco para a saúde.